2 de março de 2010

Cabeça, tronco e membros


 
Ontem começou o segundo semestre e quando cheguei, extremamente exausto, atirei a mochila para o canto do meu quarto e sentei-me no pequeno puff preto encostado à parede. Liguei o computador, acedi à página do meu blog, escrevi um pequeno texto como se estivesse a escrever num diário de bordo mas decidi não publicar. Na altura não achei que o devesse fazer, mas agora pretendo dar uso a um pequeno excerto.

"Não fugindo à excepção, entro no comboio, coloco os phones nos ouvidos, sento-me no frio e sujo chão ao lado da segunda porta da primeira carruagem e ponho-me a cantarolar todas as músicas que correm no meu mp4 durante a viagem. O mais provável seria adormecer e só acordar em São Bento com a multidão a empurrarem-se ao sair do comboio, mas hoje ao contrário do habitual, fui a viagem todo desperto e curiosamente fixado no calçado de toda a gente que conseguia avistar num diâmetro de alguns centímetros. 
Recordo neste preciso momento alguns desses sapatos... como os verdes da senhora que tinha um guarda chuva partido, as míticas botas da Timberland da rapariga linda de quem não desviava o olhar, os sapatos gastos e de cor preta do senhor de idade que cheirava insuportavelmente a naftalina e os de vela da sujeita que levava o fecho da saia aberto.
Se me perguntassem o porquê de eu estar a observar todos aqueles sapatos, com toda a sinceridade não saberia responder. Não pretendia descobrir a história de cada sujeito pelos seus sapatos, apenas me fez sentir estranhamente tranquilo e desligado de tudo que eventualmente me pudesse rodear. 
Importante ou não, agora sou capaz de entender aqueles momentos zen's que tantas vezes fazias referência. Aquelas alturas em que permanecias em silêncio a apreciar o ambiente onde estávamos, enquanto eu limitava-me a olhar para ti a perguntar o que estava acontecer. 
Por isso antes de adormecer, vou olhar para o meu tecto e tentar sentir o mesmo que tu dizias sentir sempre que olhavas para ele. "

Neste momento tudo me traz recordações, e o pior de tudo é sonhar contigo. Faz-me feliz toda essa tua presença e dedicação, mas hoje senti saudades dos nossos dias\noites agarradinhos um ao outro. O que escrevi ontem por mais que lesse não fazia o mesmo sentido que faz hoje, desculpem, mas ainda estou aprender a sobreviver!

15 comentários:

ana catarina campos disse...

Já tinha conhecimento desse teu texto não publicado! Na minha página inical apareceu algo como "Cansado, Estourado, Exausato e mais palavras terminadas em ado!
publicada por Edgar Alves em O Mundo Não Acaba Amanhã" e fartei-me de cá vir à espera que o teu blogue actualizasse! Afinal não era o blogue, eras tu.
A mensagem de ontem parece estar muito bonita - pelo menos gostei do excerto que publicaste hoje - mas há alturas em que aquilo que escrevemos não é o que queremos escrever (isto relativamente ao teu Baú dos Segredos).
Bem, príncipezinho, eu também gosto de ti e quero ver-te bem rápido! É bom pensar que já passámos óptimos momentos com a pessoa que amámos mas quando percebemos que já não a temos ao nosso lado, as saudades só magoam, meu amor!

ana catarina campos disse...

Até parece, não! Aposto que enquanto estiveste ausente, houve muita gente - que assim como eu - veio dar uma espreitadela aqui ao teu blogue à espera de mais um post! :$

Oh, meu deus. Nem acredito que disseste isso! *,* Fico tão contente por saber que nos estamos a tornar amigos. E podes mesmo ter a certeza de que estarei ao teu lado.

CatarinaSousa disse...

Tal como a Catarina referiu em cima, eu própria vim cá durante este tempo ver se tinhas postado algo!
O excerto que apresentaste tá lindo e em parte diz-me muito. Quantas vezes eu já não me perdi fixada a olhar para alguma coisa que não aparentava sentido algum mas que só pelo facto de me limitar apreciar, fugia um pouco ao mundo complexo e permanecia no meu, no meu mundinho... acontece-me tantas vezes! É um momento que nos faz sentir bem, são os nossos momentos individuais.

Quanto as recordações e os sonhos, como eu te compreendo. É a nossa complexidade quanto humanos.

"ainda estou aprender a sobreviver!", acabaste da maneira perfeita, adorei!

(Desculpa se me estou a tornar repetitiva, mas quando venho a este blog existe sempre alguma coisa que adoro, é impressionante!)

ana catarina campos disse...

Eu acredito em ti e no teu blogue! Vindo de ti, esse juro, tem outro sentido e outra seriedade, com certeza! Faço das tuas as minhas palavras e agora quero mesmo conhecer-te a sério ♥

ana catarina campos disse...

Espero que sim, espero que a nossa história tenha um final feliz. *.*

Bem, agora vou sair daqui e preparar as coisas para amanhã porque atraso-me sempre por causa da roupa e dos casacos e por causa de tudo. I'm gonna take a cup of tea. See you, my prince! :D

Ana Nogueira disse...

porque nao Edgar?

C disse...

"O que escrevi ontem por mais que lesse não fazia o mesmo sentido que faz hoje" Isto acontece-me tantas vezes. Às vezes o que escrevi no mês anterior só depois faz sentido. Gostei daquilo que li e da maneira como acabaste, como já disseram :)
(ah, e gosto sempre das músicas que acompanham o que escreves)

joanasantos disse...

eu também vim cá.
ás vezes, fico quieta, concentrada e cala, a olhar para o céu. se vivesse perto do mar faria o mesmo, mas não enho essa possibilidade.
quando estou de férias na praia, á noite costumo passear sozinha, penso em tudo e quando chego lá ao fundo sento-me. espero um pouco, tiro os calções ou o que tiver vestido, e depois sigo mar a dentro com o mar pelas coxas. aí volto para trás para casa, muita mais calma e com a mente limpa.
acho que me dispercei um bocado no assunto, mas acho que devias experimentar (:

joanasantos disse...

*calada, tenho.

Diogo Bernardo disse...

ya, eu tambem tenho vindo. ahh fazes muito bom ;D

oh, qualquer dia voltas a 'viver' outra vez.

Inês Sousa disse...

gostei muito do textinho que escreveste :3

madeleine disse...

mas dói quando a solução dessa problema é esquecer.

Telma Correia disse...

ora bem. e até à data ainda somos livres de assumir quantas personalidades quisermos, e escrever sobre cada uma delas da forma que nos apetecer. e há sempre quem se identifique com elas, sim.
e eu diria que se um dia qualquer sentires a mesma realidade que a do outro edgar que por aí anda, todas essas tais palavras amigas que tem têm dito vão mesmo servir de muito ;). beijinho*

Maria disse...

vamos sobrevivendo amor :o

Sofia disse...

A simplicidade desta música é fantástica.
E o texto... coisa... gostei muito.